Thursday, April 28, 2011

Entrevista com Profª Valéria Medeiros

Por Ramila Macedo e Silvia Euzébio

O Programa de Assistente de Ensino de Língua Inglesa (ETA) para Projetos Institucionais da Comissão Fulbright busca selecionar projetos de instituições públicas de ensino superior brasileiras para o recebimento de assistentes de ensino de língua inglesa com o intuito de contribuir para a elevação da qualidade dos cursos de bacharelado e licenciaturas em Letras – Língua Inglesa, na perspectiva de valorizar a formação dos profissionais da Educação Básica.
O projeto elaborado pelas professoras da área de língua inglesa do curso de Letras da UFT foi aprovado pela Comissão Fulbright, tornando a Universidade Federal do Tocantins, instituição de ensino anfitriã do cidadão americano Oak R. Rankin, que já se encontra em nossa universidade.Para compreendermos a real finalidade e a importância desse programa para o curso de Letras, entrevistamos a coordenadora do projeto Valéria Medeiros e OakRankin, um English Teacher Assistant (Assistente dos professores de Língua Inglesa) que veio auxiliar os professores do Campus de Araguaína em uma intensa e gratificante trajetória.
Valéria Medeiros (Coordenadora do programa Fullbright na UFT):
J.P.   Qual a finalidade do programa fulbright, sua duração e como funciona?
V.M.O objetivo da Comissão Fulbright, que mantém este programa há cerca de 35 anos é  selecionar projetos de Instituições Públicas de Ensino Superior (IES) brasileiras para o recebimento de assistentes de ensino de língua inglesa (cidadão estadunidense – falante nativo), com intuito de contribuir para a elevação da qualidade dos cursos de bacharelado e/ou licenciatura em Letras, Língua Inglesa, na perspectiva de valorizar a formação e a relevância social dos profissionais do magistério da educação básica. Serão 4 bolsistas recém-graduados, um a cada ano ( de 2011 até 2014 ). O programa conta agora com o apoio da Capes e oferece cerca de 30 bolsas para cidadãos americanos. As principais e mais antigas universidades públicas do país foram contempladas, e, felizmente, a UFT Campus de Araguaína está entre elas.
J.P.   O que a motivou buscar este auxílio?
V.M. A necessidade de disponibilizarmos meios para melhorar a competência linguística de nossos alunos e reduzir a evasão foi obviamente a razão mais direta.
De minha parte, posso falar também da vontade  de contribuir para a excelência científica, que é a base de uma universidade. Sem intercâmbio de professores e alunos, estrangeiros ou não, não se faz universidade.
J.P.   Para você, ter um ETA (English Teacher Assistant) presente nas ações efetivas do curso de Letras seria mais motivador e eficaz para a aprendizagem da Língua Estrangeira?
V.M. Se por isso você quer dizer, nas aulas, sim e não. Sim se a presença do ETA fizer sentido de acordo com os objetivos de determinada disciplina. Não basta ter um nativo apenas para dizer que ele está lá – ele pode estar em alguns momentos, não todo o tempo – isso envolve muita coisa, inclusive os limites do próprio processo rigoroso de seleção pelo qual passamos, a metodologia da disciplina e a formação do ETA, que é diversificada.
É preciso lembrar que os professores de Língua Estrangeira (ou Literatura no meu caso) passam por uma formação continuada, muito pesada mesmo. Precisamos de ajuda, mas somos profissionais muito bem preparados, acreditem. Se pararmos de estudar e aprender para ensinar, “morremos” profissionalmente. Haja vista, o mestrado e pós-doutorado defendidos recentemente, doutorado em andamento fora o que estudamos diariamente antes de entrar em sala. 
J.P.    Ainda existem muitas dificuldades relacionadas à aquisição de um segundo idioma pelo discente, seria o programa Fulbright pontapé inicial para findarmos essas dificuldades? 
Os problemas não acabam. Nós é que precisamos continuar a buscar soluções. Outras federais têm os mesmos problemas ou mais graves, o importante é criar saídas a partir de um projeto como este, por exemplo, que exige toda a nossa criatividade, pois não tem ajuda financeira para a Universidade, apenas para o bolsista.O que é importante é que os alunos se tornem conscientes de seu papel no processo ensino-aprendizagem e também se responsabilizem por seu papel nele (ou seja, professores e ETA´s podem ensinar e ajudar, mas não podemos aprender), identifiquem seus pontos que necessitam de mais estudo. Pretendemos e estamos fazendo mais do que jamais pensamos fazer em uma universidade tão nova – e devo mencionar aqui o apoio da Coordenação de Letras e da Direção do Campus.
J.P.     Foram destinadas 20 vagas para cada uma das quatro oficinas de aprimoramento da Língua Inglesa (conversação, leitura, escrita e teatro), a senhora  acredita que esses mini- cursos serão suficientes para atender as principais dificuldades dos alunos de Letras do campus de Araguaína?
Há várias questões:
a)      A primeira é incontornável, é o número de alunos que a Capes/Fulbright estabeleceram no edital, disponível na página  
  http://www.capes.gov.br/images/stories/download/editais/resultados/Programa_ETA_Institucional_2010-2011.pdf.
b)      Conseguir entrar no grupo de Universidades que foram contempladas com um programa Fulbright é algo cuja grandeza não parece ter sido entendida ainda, mas temos quatro anos. Muito vai surgir disso, professores americanos poderão solicitar vir para nossa universidade no futuro como Visiting Research Fellows, professores visitantes. Estes sim podem reger uma turma. Os ETA´s como o nome diz não podem substituir o professor, apenas ajudá-lo.
c)      Outros cursos se ressentem de não poder participar. E o número de alunos de Letras que procuraram as oficinas foi menor do que o esperado. Isto porque fizemos um horário inconveniente para nós na maioria delas (17 às 19 e nós damos aulas de 19 às 22:30) mas conveniente para a maioria dos alunos. Não podemos resolver tudo, mas estamos tentando.
d)     Uma pergunta para os leitores: teria sido melhor não conseguir o programa e nenhuma ajuda para melhorar o ensino no Campus do que conseguir alguma ajuda durante 4 anos? Ou seja, deveríamos ter desistido de enviar o projeto por conta dos impedimentos? Creio firmemente que não.
e)      Este semestre é o piloto de um programa que começa na UFT, mas já opera em todo mundo há 35 anos pelo menos. Não acredito que possa ser algo ruim para nós. Mas é preciso entender que há regras e que os ETA´s não são a tábua de salvação para os problemas individuais.
f)       Há ainda uma equipe de monitores coordenada com dedicação e competência pela Profa. Rejane. Além do atendimento dos professores e seus projetos de pesquisa e extensão ( conforme mostramos em palestra dia 14/03). Os recursos estão aí, é preciso aproveitar. Cada etapa do projeto ao longo deste ano e dos próximos será avaliada em seus resultados e problemas, é assim que deve ser em qualquer projeto responsável.
J.P   O americano  OakRankin (ETA) que chegou ao nosso campus poderá ministrar aulas de língua inglesa aos acadêmicos do curso de Letras?
Como disse antes, os ETA´s são assistentes, não professores. Há uma série de vedações, direitos e deveres dos bolsistas e da UFT. Além do mais – e esta é a principal questão a meu ver nestas vedações - o que nós, professores concursados, faríamos se eles cumprissem nosso papel? O objetivo da Fulbright é contribuir com nossos cursos. Mas há questões como falta de professores que são regidas por leis federais e lamentavelmente temos que esperar. Nosso curso atualmente tem poucas disciplinas sem professores se comparados a outras aqui e em estados como o RJ. Isso é um privilégio em uma IFES.
Eles podem dar palestras para um público maior. Ou estar em salas com até 20 alunos. Mais que isso, só com a presença do professor. Nossas turmas têm pelo menos 30. Novamente peço que leiam o edital ou se houver espaço que publiquem. Isso, nos ajudaria pelo menos a amenizar o desconforto com outros cursos que desejam muito participar mas o edital foi para Licenciatura em Inglês.
A presença dele já ajuda muito a dar um espírito acadêmico ao curso e incentivar os alunos a buscar os meios para aprimorar não apenas o inglês, mas seu conhecimento de mundo, através dos intercâmbios que a UFT mantém com várias Universidades no exterior e que eu peço, neste momento que vocês me ajudem, como representante da Diretoria de Assuntos Internacionais em Araguaína, a divulgar.
Na última reunião que convoquei havia uns cinco alunos.  No ano passado três bolsistas foram para o exterior, quero ver este número, no mínimo, dobrar. Para terminar, não é fácil satisfazer a todos os alunos de Letras, imaginem toda a comunidade acadêmica que vê vocês tendo acesso aos ETA´s e ficam de fora. Mas temos regras a cumprir e o desejo de melhorar sempre. Por isso a chegada de cada ETA vai demandar uma revisão de sua atuação no projeto, já que o objetivo é a troca intercultural.
* * *

4 comments:

  1. Valéria e demais professores envolvidos nesse projeto,

    Obrigada pela iniciativa de tentar mudar a situação dos estudantes em relação à uma segunda língua!

    Thank you very much!

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  2. Hi Silvia,

    We are trying to offer you all more opportunities to learn. I really hope you take advantages!

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  3. Gostaria de saber se há como entrar em contato com a professora Valéria. Pois fui aluno dela na disciplina de Literaturas de Língua Inglesa no Rio de Janeiro e (caso seja a mesma Valéria Medeiros do Rio) perdi contato com essa professora brilhante e pessoa maravilhosa quando foi para Tocantins. Renato Mascoto. e-mail: remascoto@yahoo.com

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  4. ESTOU GOSTANDO MUITO DA OFICINA, APESAR DA DIFICULDADE QUE TENHO NA APREENSÃO DO INGLÊS. AS OFICINAS ME MOTIVARAM A OPTAR PELO INGLÊS NA LICENCIATURA, SEI QUE O CAMINHO A SEGUIR É TRABALHOSO, MAS VOU ME EMPENHAR MUITO. OBRIGADA VALERIA, REJANE, OAK E OS DEMAIS PROFESSORES POR LUTAREM POR ESSE PROJETO.

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